Abusos

A campanha

A campanha de sensibilização para esta temática decorreu no dia 17 de maio de 2022, no Auditório Nobre do IPS.
A sessão contou com a exibição de 5 curtas-metragens, a que se seguiu uma sessão de perguntas e respostas com três elementos da equipa do filme De mãos atadas, bem como um debate com os convidados Joana Sales e Vasco Caleira.

Os filmes A matilha e De mãos atadas, voltaram a ser exibidos no âmbito da Conferência final do projeto, que se realizou a 25 de novembro de 2022, na Sala de Drama da ESE-IPS, por terem sido duas das curtas-metragens distinguidas no âmbito do festival CLIT – Cinema em Locais Inusitados e Temporários.

Filmes selecionados

A violência de género (De mãos atadas e Um momento de verdade), a pedofilia (Dia do professor e Fuga) e o assédio (A matilha) são as temáticas centrais destes filmes oriundos de três continentes distintos, reveladores do muito caminho que ainda há a percorrer nestas matérias.

De mãos atadas

Bianca Iatallese (Brasil, 2021, 8′)

Carol repara que a relação de Paula com Luís está cada vez menos saudável. Uma discussão acaba por expor a violência quotidiana.

Premiada com uma menção especial do júri, “pela habilidade da equipa técnica na produção de um plano-sequência que retrata a realidade e a força das decisões num curto período de tempo e é consistente no seu ritmo, de maneira a transportar-nos para uma situação de violência doméstica.

A curta suscita no espectador a sensação de urgência, o dilema básico de fugir ou lutar, a necessidade de acção nestes momentos fulcrais para a sobrevivência.”

Um momento de verdade

Hisham Aly Abdel Khalek (Egito, 2021, 6′)

Numa sociedade patriarcal, como pode uma mulher ser fiel a si mesma, ainda que por um momento?

Dia do professor

Oleksii Pasichnyk (Ucrânia, 2021, 18′)

Duas mulheres atraem um professor que abusou delas em crianças para uma armadilha. Querem filmá-lo a confessar os seus crimes. Quando ele tem um ataque cardíaco, ficam num dilema: salvá-lo ou deixá-lo morrer?

Fuga

Jonas Daniels (Alemanha, 2021, 43′)

Ben oculta as suas tendências pedófilas e, por receio, distancia-se da família. Numa viagem de carro, conhece por acidente Mia, uma jovem que foi alvo de abusos frequentes em criança.

O júri deu a esta média-metragem uma menção honrosa, assim justificada:

“A abordagem proposta pelo filme entre agressor e vítima – de maneira par-a-par e sem conflito, de modo até a suscitar uma parceria –, eleva um assunto extremamente complexo e difícil a um grau de reflexão raramente atingido. Provoca-nos, coloca em xeque as nossas crenças e expande os limites da discussão sobre os abusos e a pedofilia. O trabalho de interpretação permite-nos criar empatia com os protagonistas, tendo na montagem e na realização um suporte perfeito para o desenvolvimento da narrativa.”

A matilha

Louise Cottin-Euziol, Lou-Anne Abdou, Antoine Blossier Gacic, Charline Hedreville, Agathe Moulin, Victoria Normand, Gabriel Saint-Frison
(França, 2021, 8′)

Vítima de assédio, Marion decide fazer queixa na polícia. Porém, nem tudo corre como devia.

Em 2022, foi considerada a melhor curta pelo público e pelo júri Ativa-te!, que a descreveu assim:

“Através de uma animação de qualidade e particularmente expressiva, baseada em simbolismos do inconsciente coletivo, o filme consegue transmitir de forma real o ambiente opressivo despertado pelo assédio normalizado presente na cultura patriarcal e que é potenciado pela dificuldade de denúncia proposta pelo sistema.”

Convidados

Joana Sales

Pós-graduada em Estudos sobre as Mulheres / As Mulheres na Sociedade e na Cultura pela FCSH-UNL, tem o Curso de Especialização em Igualdade de Género pelo ISCSP-UL.

Responsável técnica pelo Centro de Documentação e Arquivo Feminista Elina Guimarães, integra a equipa do Projecto BIIG – Biblioteca Itinerante pela Igualdade de Género.

Activista feminista, é membro da direcção da associação UMAR – União de Mulheres Alternativa e Resposta, trabalha como coordenadora de projectos sociais, nacionais e europeus, e coordena o Centro de Cultura e Intervenção Feminista da cidade de Lisboa (CCIF/UMAR).

Vasco Caleira

Licenciado em Investigação Social Aplicada e pós-Graduado em Saúde Sexual e Reprodutiva – Mutilação Genital Feminina, é formador com especialização em Igualdade de Género, Prevenção da Violência de Género, Participação Juvenil e Direitos Humanos e acompanha e avalia casos sociais no domínio da violência doméstica.

Técnico Superior na Divisão de Direitos Sociais da CMS, integra o Setor de Cidadania e Interculturalidade e coordena o Plano Municipal para a Igualdade e Não Discriminação, tendo ainda um papel activo em diversas outras iniciativas autárquicas.

Entre 2005 e 2016, coordenou projetos na área da Juventude, Intervenção comunitária e cidadania, Inclusão Social e Mediação Familiar, Prevenção da Violência Doméstica e de Género, sendo mentor da campanha “Jovens de Setúbal dizem não à violência no namoro”, que resultou no projeto Jovens Impulsionador@s para os Direitos Humanos e Igualdade.

 É co-autor das obras “Que bem se está em Setúbal”, “Navio Laboratório – Oficina de Sentires” e “GPS – Guia de Percursos e Sugestões. A Prevenção e Desocultação da Violência Doméstica”.

Reações

Depois desta sessão, muito provavelmente, irei dar mais atenção a coisas que não dava até agora. O facto de quererem controlar o que fazemos, o que vestimos, é violência/abuso. Temos de estar mais alerta.

Espectadora entre os 18 e os 29 anos

O filme Dia do Professor mostra como as vítimas guardam a dor não importa quanto tempo passa e como outras nunca superam a sua “conexão” com o agressor.

Espectadora entre os 18 e os 29 anos

Gostei de ouvir o testemunho de uma situação de assédio sexual vivida por uma participante. Foi um momento profundo e bastante sensível.

Espectador entre os 18 e os 29 anos